Em greve há 30 dias os professores das escolas públicas da Bahia continuam sua luta histórica de valorização da categoria, melhoria nas condições de trabalho e garantia de um padrão mínimo de qualidade. A paralisação conta com a adesão de aproximadamente 1.450 escolas da rede estadual, 37 mil professores, 1,1 milhão estudantes e seus familiares.
O caos proporcionado nos serviços públicos pela ditadura do governo do Partido dos Trabalhadores não é novidade. A população e os servidores públicos que o colocaram no poder estão dando conta que as ilusões, as maracutaias, as falsas promessas, voltaram-se contra eles. Trata-se da segunda greve de grandes proporções enfrentada este ano pelo governador Jaques Wagner (PT). Em fevereiro, policiais militares pararam por 12 dias.
Os professores pedem que se cumpra o piso nacional de educação, que é de R$ 1.451, para isto é necessário o reajuste de 22,22%. Entretanto, não se pode confiar em acordos com o governo do PT porque ele não os cumpre, como aquele que concederia ao magistério o mesmo percentual que corrigiu o piso nacional. Até o momento, cerca de 5.210 professores de nível médio têm salário de R$ 1.187,9, piso extinto em dezembro do ano passado.O governo, concedeu um reajuste linear de 6,5% a todo o funcionalismo, diz que a reivindicação não será atendida porque o Estado não tem caixa para custear um novo aumento à categoria, que reúne 37 mil profissionais, e alega que o salário-base de professores com licenciatura já é maior do que o piso nacional. Para a copa do mundo, mega evento e grandes negócios há recursos! Quando a educação será prioridade na Bahia?
Com práticas próprias da ditadura, afirma que o monólogo/“diálogo”(em que prevalece as concepções do governo) está suspenso, mandando cortar o ponto de professores que aderiram ao movimento.
Na terra de todos os santos e dos orixás, a educação nunca foi priorizada, por governos, e empresários. Tal sua importância, que após 30 dias nada ainda foi feito. A prática do PT é “matar” o movimento e os professores de fome!
Resta agora a intercessão da igreja católica!
O mais grave é saber que a justiça é cega. Apesar da CF/88, LDB 9394/96, a CONAE/2010, o PNE 2011-2020, a Lei do Piso apontarem para a qualidade da educação. A justiça não consegue enxergar o Caos da Educação na Bahia, os baixos indicadores de qualidade (IDEB, prova Brasil, ENEM), a falta de infraestrutura adequada, a falta de professores em quantidade e formação em nível superior para mais de 50% do quadro de professores. Porque insistem em punir justamente quem quer construir uma escola e educação de qualidade para todos?
Que justiça é esta que condena professores e não o Estado, o governo Jacques Wagner pelo desmantelo e abandono da educação estadual pública na Bahia? Convido aos senhores componentes da magistratura e, também, da SAEB, SERIN, SEFAZ, CODES, CEE, SEPLAN, SEE/BA a sairem dos gabinetes com ar condicionado e ficarem 24 horas no interior de uma escola pública.
Com uma Assembléia Legislativa, tutelada, poucos legisladores tem a ética e a honra de fortalecer a luta por uma educação de qualidade na Bahia. É bom lembrar que o próprio ex-ministro da educação Fernando Haddad, reconheceu que este valor do piso nacional era irrisório. Reduzir, portanto, as possibilidades de ganhos mais justos para os professores é declarar a falência da educação pública brasileira que já vem sendo frontalmente violentada pelas ações irresponsáveis dos governadores e prefeitos brasileiros.
Uma certeza os professores do Estado da Bahia tem! Este governo irá passar e a educação permanecerá. Sendo assim, convido a todos os profissionais da educação, alunos, mães, a comunidade, empresários, legisladores, a justiça, os meios de comunicação a fortalecerem a luta por uma educação de qualidade na Bahia, que não se efetivará sem professores valorizados e respeitados.
Reginaldo de Souza Silva – Doutor em Educação Brasileira, professor do Departamento de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Email: reginaldoprof@yahoo.com.br
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