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Falta de professores para disciplinas básicas do currículo, não substituição de docentes que se ausentam para realizar cursos de Mestrado e Doutorado. Estas são algumas das reivindicações dos alunos do Curso de Comunicação Social (Rádio e TV) da Universidade Estadual de Santa Cruz. Em carta aberta, os estudantes expõem os problemas que acabam por inviabilizar o término do curso no tempo previsto de quatro anos. De acordo com os estudantes, são necessários sete professores substitutos para matérias práticas e existe a possibilidade de saída de mais dois professores de disciplinas teóricas, o que significa um “agravante para a situação”.
Confira a carta na íntegra:
CARTA ABERTA
Os
estudantes de Comunicação Social (Rádio e TV) da Universidade Estadual
de Santa Cruz, em Ilhéus-Bahia, têm passado por uma série de questões
problemáticas, nos últimos anos, e uma das mais complicadas tem sido a
falta de professores para ministrar disciplinas básicas do currículo.
Está se tornado inviável concluir a graduação nos quatro anos
previstos, tendo em vista a ausência citada e a sucessão de medidas
paliativas que não tiveram resultados satisfatórios, como por exemplo:
adiantamento de disciplinas como cursos de férias; aumento do número de
vagas e migração de professores para áreas em que não estão
habilitados. Muitos são os professores que têm se ausentado para
realizar os cursos de Mestrado e Doutorado, o que se configura como um
direito que lhes é próprio, no entanto, a não substituição de tais
docentes no tempo em que eles se encontram em estudo é que tem sido o
grande agravante, o que gera uma situação de extremo desconforto para
professores e alunos. Os docentes que estão na universidade se
sobrecarregam e os alunos deixam de fazer certas disciplinas, inclusive
as obrigatórias. A despeito das medidas que têm sido tomadas, nenhuma
ação realmente efetiva ocorreu, no sentido de solucionar o problema.
Uma
das necessidades enxergadas pelos graduandos é a realização de
concurso para professor, sendo três substitutos e dois efetivos para a
área de imagem, dois substitutos para a área de som e, considerando a
possibilidade de saída de dois professores da área de teoria,
visualizamos mais um agravante para a situação. Mesmo conhecendo o
decreto 12.583, de 9 de fevereiro de 2011, do Governo Estadual da
Bahia, que, entre outras medidas, impede a contração de professores no
período em que os titulares da vaga estão em período de pós-graduação,
reivindicamos nosso direito de ter ofertadas as disciplinas do
currículo dentro do prazo previsto para a conclusão do bacharelado.
Somada
a situação exposta, o curso encontra-se em processo de atualização
curricular, medida essa que pretende reformular o quadro de
disciplinas, em termos de quantidade e aumento da carga horária total
do curso. Caso o novo currículo seja aprovado, não poderá entrar em
vigor, tendo em vista que a demanda de professores é e será ainda mais
insuficiente. É incompreensível que outros cursos dentro da nossa
universidade realizem concursos para suprir as vagas não preenchidas e
que, no curso de Comunicação Social, sejamos obrigados a conviver com o
caos como se ele fosse um bem comum à nossa situação de estudantes.
Embora tenhamos a sensibilidade artística inata à profissão, sabemos
que o problema em questão vai além da sensibilidade, mas abarca o
cumprimento de uma educação pública de qualidade, afiançada pela
Constituição do Brasil.
Partindo da etimologia da palavra
comunicação (communicare, “tornar comum”), estamos tornando público e
comum nosso protesto em relação ao tratamento que tem sido dado ao nosso
problema e a prova de que estamos articulados e engajados num projeto
político e educacional que nos prepare para o mercado de trabalho,
condição sine qua non para um estudante universitário, que vislumbra, no
período de graduação, a chance de pesquisar e conhecer o mundo prático
e teórico por meio de um ensino de excelência, algo inviável enquanto
as cadeiras das disciplinas permanecerem sem professores e ocupadas
pela omissão do Estado. Breve, estaremos do outro lado, representando
os direitos de informação do cidadão, nos órgãos midiáticos. Recorremos
a eles no momento em que sentimos nossa condição de estudantes
prejudicada pela falta da condição básica do processo
ensino-aprendizagem: a relação professor e aluno. Tornamos comum nossa
indignação e solicitamos um mínimo de respeito para nossa causa. Não há
futuro sem educação, mas também não há presente sem professores em
sala de aula.
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