No Dia do(a) Professor(a) queremos refletir sobre os desafios em
exercer essa profissão (ou função) que, dada as suas
características, pode ser considerada uma das atividades mais
complexas da humanidade. Mas afinal, quais são os desafios de ser
professor(a)?
A partir de sua principal atividade, que é a do ensino, podemos
resumi-los em três grandes questões: o que ensinar? Como ensinar? E
para que ensinar?
A primeira dessas questões (o que ensinar?) em geral ocupa a maior
parte das discussões a respeito da atividade docente. Isto porque é
a relação entre o ensino e o conhecimento gerado pela humanidade
que justifica a existência das diversas instituições de ensino
(escolas, faculdades, institutos, universidades etc.). Os
conhecimentos ensinados nessas instituições têm como
característica o fato de não poderem ser apreendidos pela
humanidade de maneira espontânea, pois exige a mediação
sistematizada de alguém ou de alguma coisa para que o outro também
tenha acesso a ele. E é, justamente por isso que, para ser
professor(a), para atuar como essa pessoa que vai mediar o acesso a
esse conhecimento, não basta apenas conhecê-lo, é necessário
saber como esse conhecimento foi produzido historicamente, qual a sua
origem, e quais são as razões que determinaram que ele e não outro
conhecimento fosse considerado necessário para o sujeito aprender. É
preciso também saber como transformar esse conhecimento em “saber
escolar”, ajustado, dosado e redefinido a partir das
características de quem aprende e de seu nível de estudo.
Ter domínio do conhecimento, de suas formas de produção e
transformá-lo em saber escolar, portanto, seria o primeiro desafio
de ser professor. O que nos conduz a uma segunda questão: Como
ensinar?
Além de dominar o conhecimento, suas formas de produção e
transformá-lo em “saber escolar”, ser professor exige que também
se saiba como ensinar; como mediar o acesso a esse conhecimento de
forma que quem aprende efetivamente também passe a dominar o
conhecimento. Para responder a essa questão, existem muitas
respostas. Não teríamos aqui como explicitar cada uma delas, mas
poderíamos afirmar que, de modo geral, elas se agrupam em três
diferentes grupos. Em um deles, algumas dessas respostas defendem a
explicação e a repetição como sendo as maneiras mais apropriadas
de ensino. Em outro grupo de resposta, se argumenta que a melhor
forma de ensinar é não ensinar, mas proporcionar ao sujeito que
aprende a experiência e, assim, ele aprenderá a aprender. E, por
fim, o terceiro grupo agregam as respostas que defendem que é o
acesso ao conhecimento problematizado a partir da prática social, a
maneira menos alienada de ensinar.
Portanto, o segundo desafio de ser professor, seria o de encontrar a
sua resposta, a partir de estudos teóricos que a sustente e
fundamente, e ter uma prática coerente com elas. Mas para alcançar
esse patamar de compreensão e de resposta, faz-se necessário ter
resposta para a terceira questão: Para que ensinar?
O ato de ensinar não está isento de intenções (mesmo que o
professor não tenha consciência disso). Para que eu ensino?; Qual a
relação entre esse conhecimento e a formação de quem aprende?,
são algumas perguntas que precisam de respostas do professor.
Respostas que determinarão a relação do professor com o
conhecimento, com as maneiras de ensiná-lo e de se relacionar com
quem aprende. Para tanto, o desafio contido aqui está em perceber
que a sua atividade docente não está isolada de todo o contexto ao
seu redor. E que esse contexto implica desde as dimensões mais
amplas da sociedade até as mais específicas da instituição em que
trabalha, compreendendo a relação entre elas. O terceiro desafio,
assim, trata-se de perceber que a sua atividade de ser professor(a) é
eminentemente política.
Diante desses três grandes desafios, poderíamos afirmar que para
“ser” professor(a) é preciso “tornar-se” professor(a), em um
processo longo que passa por uma formação específica e pelo
exercício de uma prática consciente. Ninguém, portanto, nasce
professor(a), mas, como em toda profissão, o(a) professor(a) nasce
naquele(a)s que desejam ocupar essa função e que aceitam como
contínuo o enfrentamento do desafio de encontrar as respostas do
quê, do como e do para quê ensinar.
E para a
nossa sociedade fica posto também um desafio: o de compreender que o
trabalho do(a) professor(a) só poderá se efetivar plenamente se for
devidamente valorizado através da garantia de uma formação
adequada, de salários justos e de condições de trabalho dignas.
Parabéns a todo(a)s por este dia!
Prof.
Dr. Reginaldo de Souza Silva – NECA/UESB
Profa.
Dra. Leila Pio Mororó – NEFOP/UESB
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