Foi o que flagrou A TARDE durante a última semana de 2011. A reportagem adquiriu, por um custo total de R$ 400, dois frascos da mercadoria ilegal em dois estabelecimentos comerciais. O primeiro foi no shopping Paseo, no Itaigara. Inaugurada em julho, a loja Nutribox é especializada em suplementos alimentares para ganho e perda de peso. Nas prateleiras, há uma variedade de produtos importados que chegam a custar até R$ 250.
Mas para uma clientela mais específica – normalmente jovens ávidos pelo aumento rápido da massa muscular – a loja oferece produtos anabólicos, que não estão expostos nas prateleiras. É o caso do M-Drol, que tem registrado uma demanda regular, como atesta o vendedor Alexandre Andrade, que atendeu a equipe de reportagem. “Você não encontra ele em qualquer lugar, mas eu consigo aqui, porque tem uma grande clientela da gente que sempre quer”, afirmou o atendente, que se disse nutricionista.
A venda não se dá de forma imediata e o produto não chega a ser oferecido espontaneamente ao cliente. É necessário mostrar interesse pelo uso de anabolizantes. Antes de chegar ao M-Drol, o vendedor mostrou um leque de suplementos alimentares considerados eficientes para o aumento mais rápido da musculatura.
A embalagem com 90 comprimidos foi retirada de uma gaveta do balcão de atendimento, onde havia outros exemplares do produto. A partir de então, o vendedor não mostrou qualquer constrangimento em comercializar um produto ilegal, como ele admitiu. “É difícil de encontrar porque o laboratório que produzia já fechou. Quem pegou, pegou. Quem não pegou, se deu mal. E ele não é permitido no Brasil”.
Nota - A reportagem foi a um segundo estabelecimento citado, o Cia dos Suplementos, localizado na Avenida Princesa Isabel, na Barra. Lá, não há qualquer reserva no comércio do M-Drol. O produto fica exposto nas prateleiras à disposição da clientela.
Ilegalidade - Apesar de o rótulo indicar que o produto é um suplemento alimentar pró-hormonal, o M-Drol é composto pela metasterona, um hormônio esteroide anabolizante que consta da lista de substâncias proibidas pela Agência Mundial Antidoping, segundo consta no portal da Procuradoria Geral da República. Já a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou, por meio da assessoria de imprensa, que o produto M-Drol não é registrado pelo órgão. Segundo a assessoria, dados sobre apreensão de anabolizantes poderiam ser obtidos com as vigilâncias sanitárias locais, já que é deles a responsabilidade de fiscalizar o mercado.
A chefe do setor de medicamentos da Vigilância Sanitária municipal, Ione Pimentel, disse que o órgão fiscaliza drogarias, lojas de suplementos alimentares e até academias, mas nunca conseguiu flagrar a comercialização de anabolizantes na capital.
“O problema é o caixa dois, estoques de produtos contrabandeados que eles, muitas vezes, não guardam nas lojas, mas até nas residências. Desde 2008 (ano em que ela passou a chefiar o setor) se recebemos duas denúncias foi muito”, acrescentou.
Sobre o M-Drol, ela enfatizou se tratar de ação criminosa. “Esse caso é pior. É contrabando. É caso de polícia”, afirmou a gestora.
Sobre o M-Drol, ela enfatizou se tratar de ação criminosa. “Esse caso é pior. É contrabando. É caso de polícia”, afirmou a gestora.
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